quinta-feira, 22 de julho de 2010

O espantoso poder das palavras


A cada dia me maravilho mais com o poder energético contido naquilo que dizemos, escrevemos, pensamos, e nas formas como a linguagem influencia o ser humano.

As palavras podem criar mundos no nosso interior, despertar memórias escondidas, conduzir-nos na auto-descoberta, podem oferecer consolo, conforto, afecto, companhia, podem excitar-nos os sentidos ou a mente, abrir-nos as portas ao conhecimento, fazer-nos crescer, amar, rir, sorrir, acreditar.

As palavras são mágicas, quando nos embalam a alma e são ditas com amor, são recheadas de paz, de simbolismo, de altruísmo, de simpatia, empatia, de carinho, e nos enovelam no perfume da pertença, do reconhecimento, na carícia do toque falado.

Se assim é, porque insistimos em fazer desta magia um instrumento aguçado destinado a magoar, quebrar, ferir, aniquilar, rasgar, sem sentimento, sem bondade, sem compreensão, sem réstea de amor e luz, os outros?

Dir-me-ão muitas vozes que assim é porque nos limitamos a responder a quem, efectivamente, nos magoou. Que a acção parte do outro, que é ele quem nos fere e nos limitamos a responder com a reacção adequada a quem sofre. E, provavelmente, na maioria das vezes, assim é. Porque somos humanos, temos emoções humanas e reagimos ferozmente a quem nos magoa, criando um círculo de dor que só pode ser quebrado de uma forma: com amor.

O amor que temos por nós mesmos, e nos permite afastar daquilo que nos faz mal, sem culpa.

O amor que temos pelos outros, que sabemos não estarem no nosso caminho, ou não terem a nossa energia, ou simplesmente terem terminado a sua caminhada nas nossas vidas (com aquilo que lá acrescentaram, sejam obstáculos e desafios sejam vias rápidas e atalhos), o amor que nos leva a libertá-los para que sigam os seus próprios passos, sem lhes causar dor com palavras de rancor, ressentimento, ira ou mágoa.

No fundo, podemos escolher, sabendo que aquilo que espalharmos retornará para nós inevitavelmente.

Traçamos o amor no peito dos outros ou perduramos na mágoa, rasgando-nos também a nós?

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